Por Anair Patrícia:
Depois das terras mineiras lona na
bolsa, figurino na mala, asas nos pés e simbora “andar por esse país”. Receio
de dormir em posto de gasolina, mas “sigo o roteiro mais uma estação”:
MANARI-PE. Escala em Brasília com destino ao sertão pernambucano e nesse
intervalo uma rápida estadia na capital Recife.
No
bicho de ferro de asas e turbinas o medo foi grande, o tal do avião lá em cima
sacudiu tanto que me revirou o estômago, quando pousamos em Recife o alívio foi
tamanho. Na pousada, que era toda enfeitada com artesanato do lugar, nós
podemos enfim repousar. Corpo alimentado e ansiedade pulsando, fomos logo de
manhã, caminhando pra rodoviária, conhecemos um taxista, que tinha muita história
pra contar! Do seu menino, ainda criança, que doente ficou, e que o Sr. Doutô
nem parou pra olhar, vixi Maria! O Taxista falava do doutô do plano de saúde,
nos relatou ainda que melhor atendido o menino foi quando levado a UPA, onde o atendimento
é “gratuito”, estranhei, pois nas bandas de cá, quem procura o SUS, aiai
SUSpira, de tanto esperar. Chegando na rodoviária o cheiro de comida típica:
carne de bode, cuscuz, tapioca, charque... E a lojinha de artesanato com
sandália de couro, blusas estampadas com Luiz Gonzaga e sombrinhas de dançar...
O povo todo ligeiro pra falar e de um gentileza, alegria e simpátia de
estranhar, cheguei a pensar que estava em outro país “Ai, ai, ô povo alegre”.
No
meio da viagem, quando eu já dormia, após olhar por muito tempo a paisagem seca
pela janela, fui acordada na parada em Caruaru por três cabras que anunciavam
dentro do ônibus: -Olha a tapioca fresquinha! -Água gelada! churros de
chocolate e doce de leite -pipoca quentinha...-Taque sal nessa pipoca,
pra esse povo comprar água, menino! Engraçado demais! Eu parecia estar num
cenário de cinema brasileiro! Nesse momento num pude negar, era turista mesmo,
doida pra fotografar...
Adentrando
esse estado atravessamos agreste até a chegada no sertão, no horizonte a
paisagem seca, mas com algumas árvores resistentes pontuando o verde, uma
contradição! Dentro do ônibus, um zoinho azul, muito atento e conversador, nos
contava um pouco de lá e perguntava um tanto de cá. O nome do menino é que num
lembro agora, mas nos deu mexerica e muita vontade de chorar, quando nos disse
que queria ser artista e ir embora com a gente pra aprender a atuar. A mãe dele
nos contou que por um breve tempo morou nas Minas Gerais e o menino logo
completou que ele era mineiro e pernambucano, havia herdado a inteligência das
Minas gerais e modo de Pernambuco. Na hora que juntamos as
bolsas pra descer do ônibus, o menino ligeiro tentou se esconder atrás de mim e
se cobriu com a blusa de frio, mas tua mãe pontuou: Vem pra cá menino! O
motorista do ônibus muito prestativo parou pertin do posto Geraldo, onde
ficamos hospedados, ajudou a descer mala e foi bem educado.
A
noite já havia chegado na nossa chegada a Manari, sorriso simples e muita
simpatia tinham as moças dali, moças do bar que nos auxiliaram para ao nosso
quarto chegar. Cada dupla pro seu canto Kely e eu quarto 9, Dani e Joe quarto
12 Jú e Lú dormitório 7. Malas guardadas e banho tomado fomos correndo pra
conhecer o povoado, a praça é grande e iluminada, as ruas com esgoto e mal cheiro,
a casa de show que anunciava forró, só tocava uma música esquisita que nada
lembrava sanfona, triângulo ou zabumba. O encontro com o povo de sotaque
cantado foi bonito, não paravam de olhar nossos cabelos esquisitos. “Teu cabelo
é peruca?” a moça da sorveteria questionou – Num é não pode puxar! – Juliene
exclamou. Todos ansiosos pra conhecer o moço da ong, mas que só poderia nos
encontrar no dia seguinte, quando o sol viesse brincar. Antes de dormir ligar o
ar condicionado, pois eita terra quente, o suor na testa fica estampado.
No
dia seguinte acordar cedinho, pois durante a viagem no ônibus foi dito que
havia uma feira muito boa no próximo distrito. – Para ir a Itaíba só de carona,
não tem transporte pra lá não! – Disse o vigia do posto com muita atenção, moço
simpático e conversador. Tomamos café da manhã e conheci o saboroso suco de
cajá, e com comida no papinho pé no caminho. E num é que encontramos com o
motorista que ali nos deixou na noite anterior?! A cena foi engraçada, aquele
bando de gente de cabelo esquisito correndo atrás do ônibus, o motorista parou,
pensou, mas não pode nos levar, disse que ele num podia vender o bilhete e que
carona não podia dar, o ônibus tinha aquelas maquinas que podia nos filmar.
Então seguimos asfalto a fora na espera de um carro, e eis que surge o primeiro
que pra nossa surpresa resolveu nos levar. O moço de nome Gilberto contou sua
história. O povo de lá tem sempre uma história pra contar! Ele nos disse que
era policial em Manari, formado em jornalismo, quase foi padre e trabalhava com
política na cidade onde mora (Arco Verde). Mas o que mais chamou minha atenção
foi o fato dele ter namorado ,noivado e casado em 21 dias e olho sô o casório
já dura 24anos! O papo foi bom e em Itaíba ele nos deixou, tentamos pagá-lo,
mas ele não aceitou. A chegada à feira pra mim foi uma decepção, não tinha nada
da terra nem artesanato, nem comida, nem uma manifestação. Tudo parecido ter
vindo da China, sem cara de sertão. Só no finalzinho podemos ver uma barraca
que tinha doce de jaca, água de coco e queijo do bão. Nossa ida lá tinha um
objetivo, a gente precisava de pétalas de rosa pra cena da Salomé, rodamos
feira e nada, daí nos disseram que flor natural lá não tem não ,Só de plástico
as flores no sertão. A Juliene, muito curiosa questionou – E quando alguém
morre como faz no caixão? – A moça da venda retrucou – Flor de plástico na ornamentação! – Isso me
tocou demais, quase chorei. Num tem cheiro de flor, e as moça então não ganha
rosa do moço namorador? Mas “mandacaru quando fluora na seca é um sinal que a chuva
chega no sertão...” e pras bandas de lá já num chove há um tempão.
A kely conseguiu outra carona para nos levar de
volta a Manari, voltamos numa estrada branca, isso me lembrou a infância, o
tirana “todin” na carroceria sentindo o vento atiçar as cabeleiras. Nesse
instante vi de perto as plantações de palma pro gado magro comer, carro de boi
passando com um bode dentro e, na paisagem, a secura reinando. Mas no
finalzinho da tarde, majestoso, o sol se pôs e o céu de rosa corou, bonito as
nuvens e o céu todo “coradin”.
E nessa tarde fomos também a procura do moço
Celso da ong Óasis, moço bom e alegre que nos recebeu de riso largo, sua
Senhora também muito prestativa e atenciosa logo logo nos abraçou e de novo
subimos numa carroceria pra conhecer mais um “pedacin” da Manari. Direto pra
ong fomos e chegando lá o primeiro que vi foi o Neném, menino claro, queimado
de sol, riso amarelado e muito amável... Dançarino arretado, me ensinou o
xaxado! Foi lá que vi pela primeira vez um caju de verdade! E provei o tal
umbu. O espaço é amplo e bem ajeitado. De lá voltamos bem entusiasmados, no
outro dia seria o dia da oficina e a notícia era que todo mundo “tava”
convidado. Pra nossa satisfação, e imensa alegria, não parava de chegar gente
pra oficina pretendida, gente de todas as idades e com muita vontade de nos
mostrar o que sabiam fazer bem. As meninas mostraram um pouco do frevo, os
moços tocaram e cantaram boa música, a menina da cozinha, que todo sábado serve
sopa pra meninada, me perguntou quando me viu empolgada: “Tú é nordestina num
é?” Acho que disse isso por me ver pulando pra lá e pra cá tentando ter a
agilidade de quem sabe dançar o frevo bonito daquele lugar. Mais de quarenta e
cinco pessoas encheram o salão, a roda era tão grande, a vontade de todos
também. No exercício das fotos eu não consegui segurar, chorei e me emocionei
com a simplicidade e orgulho dos menino “homi” e das meninas “muié” de serem
nordestinos e nordestinas, na hora da música que num dei conta mesmo. A ideia
era a Tirana ensinar uma música pra eles e eles nos ensinarem uma música que
fosse de lá, em coro e sem combinar começaram a cantar: “Quando olhei a terra
ardendo...” era Asa Branca do Gonzagão, ahhh que agora que escrevo volto a
engasgar, o choro fica preso só de recordar. No ensaio final eu filmava e a
tela tremia, os Tiranos tudin com água no olho seguiam tocando pro coro embalar:
“eu perguntei a Deus do céu ai porque tamanha judiação...” Combinamos com todos
que no dia seguinte nos encontraríamos na praça da região pra cantar no cortejo
da apresentação.
A apresentação estava marcada para o domingo de
tarde, de manhã fomos pra caatinga, o moço Celso queria nos levar pra conhecer
o umbuzeiro e o cajueiro, gente do céu! Vi tanta árvore resistindo ao sol
quente e terra seca. De novo quis chorar, lembrei-me das histórias de
Graciliano Ramos, Gonzagão e as imagens que sempre passam sobre o sertão. A
tarde já chegava quando voltávamos a Manari, Kely e eu estávamos bem nervosas,
Dani passou os figurinos, Lú e Jú afinaram os instrumentos e fomos a praça pro
povo encontrar. Vixi Maria! só Neném e sua amiguinha Pequena que estavam lá! Como
havia um casório no mesmo dia, metade da cidade estava na igreja e a outra
metade devia tá esperando o sol baixar. Começaram a chegar às 18h, a lua
já despontava por detrás da igreja, nos reunimos com os participantes da
oficina para dar inicio ao cortejo, coração na boca, explosão de alegria,
entoamos de peito aberto Asa Branca e Embarca, chegando a roda fizemos nosso
trabalho. Ao término, recebemos o belo presente de cinco músicos que tocaram as
canções de Gonzagão e do pai do cantor, um poeta que muito me emocionou.
Trabalho feito, mas carrego a certeza que lá
aprendi muito mais do que pude ensinar. Sobre simplicidade, gentileza, alegria,
humildade... lá o povo se ajuda mais, mesmo na vida sofrida de seca e fome não
falta um sorriso e uma delicadeza. O orgulho de ser pernambucano, nordestino e
sertanejo é de arrepiar... Mais uma vez choro, só de lembrar, mas não é um
choro de tristeza, e sim de alegria, é pra esse povo que eu quero atuar,
trocar com eles, passar a minha arte e aprender a dançar, ouvir e mais um tanto
de trem... aiai
Por Daniela Rosa:
Eu acho gostoso acordar cedinho pra viajar. Agora
viajaremos pra um estado que eu nunca fui e sempre sonhei em ir. No caminho do
aeroporto teve trânsito ruim, a gastrite ataca, pois imagino que posso perder o
voo!
Encontrar os parceiros de trabalho com alegria! Dar
um” hoje não” na Kely.
Me sinto importante na fila para despachar a
bagagem. Deve ser algo comum no aeroporto, mas pra mim é o máximo exibir nossos
instrumentos, nossa bagagem grande, estranha... Fizemos gracinha, rimos a toa!
A última novidade: um trambolho de uma lona,
pesando mais de 30 quilos! E lá vai ela toda importante pra viajar de avião!
Também adoro falar que temos réplicas de armas. A
gente fala meio sem graça, é engraçado!
Coisa boa é conviver com gente boba! Graças!!!
Conexão em Brasília. Conferi o relógio, era horário
de Brasília.
Claro, alguns dos integrantes comentam sobre o
lanche do avião.
O avião de Recife dá problema antes de decolar
(graças a Deus que não estávamos voando) Nesse momento acho engraçado, mas
começo ter um arrependimento de ter resolvido viajar de avião. Mas enfim,
voamos para Recife! Eita ansiedade danada!
Chegamos em Recife, que calorzinho gostoso. Que
sotaque gostoso. Um medo de ter algum problema nas reservas de hospedagem, de
sermos enganados, assaltados, sei lá! Porém esse povo pernambucano é bom
demais!
E ainda nessa noite, encontro com uma amiga mineira
do nada!
Hora ou outra alguém puxava uma música do Alceu
Valença, do Gonzagão....
Repousamos, amanhã é dia de viagem novamente...
Viagem de Recife para
Manari...
Agora que pra mim começa a aventura!
Agora vamos viajar pra longe da capital, onde
é difícil o acesso às coisas básicas ...
Rodoviária....
Almoçar cuzcuz, feijão de corda...
Vamos pegar o ônibus. É diferente...
Vendedores de mexerica
E vamos para o sertão de Moxotó! O taxista disse
que o tá tão quente que milho lá já sai da plantação em pipoca.
Nas placas os nomes das cidades que eu só
conhecia pelas músicas ou filmes...
Enfim, paramos na “Capital do Forró”, a cidade de
Caruaru! De repente, entra no ônibus vendedores, que para alegria nossa,
vendiam “a melhor tapioca”, milho verde, churros, batatinha frita... Comi milho
verde e tapioca de queijo.
Pegamos mais estrada. A paisagem vai mudando
realmente, é seca. Tem lixo. Vemos a carcaça do boi que morreu...
Arcoverde, a cidade mais desenvolvida pras bandas
de Manari. Hora do jantar: macaxeira, cuscuz...
Busco pétalas de rosa pra comprar , não encontro...
Voltamos pro ônibus para prosseguir a viagem. O ar
condicionado do ônibus era tão gelado, que alguém disse “Vamo embora na
geladeira de rodas!”
No ônibus, um presente, o menino Pedro. Esperto
demais. Engraçado demais. Disse que ia trabalhar com a gente no teatro. O salario poderia ser de 1 real por dia, segundo
ele...
E
assim, chegamos em Manari!
Por Luciana Araújo:
Essa viagem, na verdade, começa bem antes do dia
21/02, quando embarcamos para Pernambuco. Começa com o que a gente chama de
pré-produção. Pesquisar, orçar, fazer contatos nas cidades, comprar passagens
de avião e ônibus, reservar hotéis em Recife e Manari, fazer material de
divulgação, enviar material de divulgação, dentre outras infinitas coisas que
nós, atores, precisamos fazer, além de atuar. Bom, por sorte ou destino, a Dani
achou o Paulo Celso, da Associação Oasis lá de Manari, que nos apoiou nessa
jornada!
E Agora... as expectativas!
Passagens, ok. Mala, ok. Violão, ok. Figurino, Cadê? Aaah, tá com a
Dani! Ok. Pandeiro, ok. Viola Spolin, ok. Saímos cedo de casa rumo ao aeroporto
de confins. Vinícius, meu irmão, levando, num pequeno pálio: Eu, com as
passagens, ok, a mala, ok, o violão, ok, pandeiro e a viola, ok e ok. Kely, com
a mala gigante, que segundo ela era por causa do figurino do Zé do Cangaço, mas
achei mesmo era que o Muzzi tava lá dentro. E, por último, Ju e sua asa, que
não cabe em lugar nenhum, coitada.
No
aeroporto, todos chegando, e o medo do excesso de bagagem
aumentando! Pois, ainda tinha a Laurinda, nossa Lona, que tivemos que
pesar
antes e mandar fazer uma capa, tudo isso pra passear no nordeste! Muito
chique,
a Laurinda. Acreditam que não me deixaram levar a viola Spolin na case?
"Amenheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar"... Foi mais ou
menos isso, mas sem sacola, com ela na mão mesmo, pra lá e pra cá!
O primeiro vôo com conexão em Brasília foi tranquilo, chegamos lá
e tomamos um choop, né, kely? O suficiente pra me deixar com sono e deixar a
Kely doida pra testar as poltronas flutuantes do avião. Bom, eu explico. É que
logo no vôo com destino à Recife tivemos um problema de pressurização, que
atrasou mais de uma hora a nossa chegada. E, enquanto eu morria de medo do
avião dar problema lá em cima, a Kely falava “é hoje que vamos fazer um pouso
forçado na água e ver se essas poltronas flutuam mesmo”. Não satisfeita, ainda
lembrava da tragédia dos Mamonas Assassinas, falando que a Tirana ia morrer
tentando chegar em Manari! Aí, nessa hora eu peguei a viola (que todo mundo pensa que é um
violino) e comecei a tocar, igual no Titanic. Na verdade, essa parte da viola não teve, eu que acrescentei pra ficar mais legal – Como Joe
ensinou! Rsrs...
Enfim, chegamos em Recife, às 19h da noite. Mesmo cansados, só
descarregamos as bagagens na pousada – LINDA – e pegamos um ônibus pra OLINDA!
Linda também... Foi uma visita breve, suficiente pra encontrar Elis – amiga da
Dani, e de Belo Horizonte – que foi nossa guia turística! Graças a ela pudemos
aproveitar bem mais o pouco tempo que tínhamos e conhecer as ruas lindas, o
mirante, e comer espetinho com vinagrete e farofa. Ah, Olinda, sempre quis te
conhecer! Como deve ser esse lugar de dia? Só dá próxima vez...
No dia seguinte, acordamos cedo pra aproveitar a manhã, pois o
único ônibus com destino a Manari sairia 13h30 da rodoviária. Na praia da Boa
Viagem a diversão foi a super câmera fotográfica, a prova d’água, que meu irmão
me emprestou! Só não sabia que a gente voltaria da viagem com 14 GB de fotos
e vídeos! Mineiro na praia já é aquela coisa, ainda mais com um brinquedo
desse!
obs: Isso são algas!
Almoçamos na rodoviária... e foram mais de 6 horas de viagem até
Manari... A conta certa pra gente fazer amizade com o Pedro, de 9 anos, peça
rara - quase ficou em Manari com a gente, mas sua mãe vigiou pra ele não
descer! Também ficamos amigos do Motorista da Viação Progresso. E logo que
chegamos na pousada do Posto Geraldo, ficamos amigos da Helena e da Sueleide, e
do segurança e do Dono do Posto! E, no outro dia, do policial que deu carona
pra gente ir à feira da cidade ao lado. Do moço que buscou a gente na maior boa
vontade e sem cobrar nada. Do Paulo Celso, das irmãs, sobrinhas, das crianças e
adultos da oficina! Foi assim mesmo, fomos tão bem recebidos nesse Pernambuco
que parecia que as pessoas já nos conheciam!
A oficina aconteceu no sábado, dia 23 de fevereiro, terceiro dia
de viagem e primeiro dia em Manari. Foram mais de 30 pessoas na oficina, que
além dos nossos jogos e exercícios também teve espaço pra frevo, forró e todo o
“orgulho de ser nordestino” – Tema de uma foto dos alunos num exercício da
oficina.
No domingo, segundo e último dia em Manari, acordamos cedo e Paulo
Celso levou a gente pro Umbuzeiro, pra comer Umbu debaixo do pé. No caminho, a
paisagem era a caatinga, que até então só conhecia dos livros de geografia e de
filme. Lá no umbuzeiro tomamos ducha debaixo do pé e almoçamos carne de bode –
eu não, porque fiquei com dó dos bodes do nosso lado esquerdo, pastando, ou
melhor, rachando no sol! Logo tivemos que voltar pra cidade, pois a
apresentação era no mesmo dia! Descansamos um pouco e já fomos pra praça montar
nossa roda. O Sol tava de matar! E a apresentação, que estava marcada pra 17h,
ficou pra depois do sol baixar...
A apresentação começou emocionante, com nosso lindo cortejo, junto com
os participantes da oficina. Foi cantar e chorar ao mesmo tempo. Cada
espetáculo é único, não se repete, pois acontece no presente, no calor do
momento! Esse ainda foi mais especial, pois pela primeira vez a gente falava do
sertão, no sertão, do nordestino, pro nordestino, da nossa criação pra cultura
de onde tiramos sua inspiração! Percebemos, em Manari, um público um pouco
diferente, bastante exigente, mas generoso também. Caloroso, batendo palmas
toda música. Parecia que música era um botão de ligar palmas! Momentos de
arrepiar! A música move a gente mesmo... E assim, levei Zé do Cangaço pro
inferno e o espetáculo chegou no fim. Com ele, a viagem também estava
terminando...
Ainda tivemos o privilégio de ter, depois do espetáculo, um grupo de
senhorzinhos lá de Manari tocando forró, até com músicas próprias, e dedicando
pra gente, pra gente trazer de volta pra Minas. Trouxemos!
A despedida foi triste, teve até choro. A Anair chora a toa mas, dessa
vez, foi quase todo mundo! Acho que a gente nunca tinha passado por isso antes.
De um lugar marcar tanto e mexer tanto com a gente. Uma sensação que não tinha
sentido. E nem precisava falar nada.
Fato é que chegamos em Manari-PE preparados para encontrar “a cidade de
menor IDH do Brasil”, assim a conhecíamos de longe. Mas, apesar das
dificuldades da vida no sertão, de não chover pra valer desde novembro do ano
retrasado, o que encontramos foi um povo de humanidade mais desenvolvida que já
conhecemos.
Voltamos pra recife, com o mesmo motorista que nos levou! Com sua ajuda
pudemos conhecer um pouquinho mais de recife, com direito a pôr-do-sol na beira
da praia... Votamos pra pousada e ainda fomos na feirinha da igreja da Boa
Viagem pra comprar lembrancinhas. Pro pai, mãe, irmão, cachorro, vó, sem nem
lembrar do peso da bagagem mais!
Na madrugada do dia 26, dia de voltar pra casa, quando as mensagens da
Dani chegaram às 4 horas da manhã, chamando pra ver o sol nascer na praia, a
cama parecia muito mais atraente! E pense: “que sol o que... sol nasce todo
dia... é mesma coisa!” Não é que eu tava com tanto sono que acreditei nesse
absurdo! Eita sono! Perdi um espetáculo! Pra dormir? Dormir que a gente dorme
todo dia! Rsrs...
A viagem foi curta, mas a gente fazia tanta coisa no mesmo dia e
queria aproveitar tudo que dava, que uma semana pareceu um mês, pelo tanto que
marcou e pela saudade que deixou.
Ainda to meio besta...
Por Kely de Oliveira:
QUINTA:
21/02/2013
Ansiedade,
alegria e uma leve ponta de tristeza... Em menos de uma semana da linda estadia
e apresentação na minha cidade natal viajar novamente com trabalho levar nossa arte
para o mundo deveria ser só alegria, felicidade total, mas o Pooh meu
cachorrinho de 14 anos está dodói, e talvez tenha que ir encontra Deus...
Todavia, a satisfação de conhecer outro estado do qual já tínhamos nos
apropriado de sua cultura e misturado com a nossa tem o poder de me excitar e
me fazer esquecer por alguns instantes a dor que teima em apertar o peito...
Voar é sempre gostoso, viajar é um dos maiores prazeres da minha vida,
teatralizar é o maior, então só tenho a dizer: - obrigada Deus e seja feita a
vossa vontade!
Tudo
certo, aeroporto de Brasília, horas, conexão, almoço? Huuuuum... Choppinho
primeiro... E o prazer só tende a aumentar... Rever velhos amigos que fazem
questão de nos encontrar, choppinho... o prazer de misturar os velhos com os
novos, nem tão novos assim, pois lá se vão quase seis anos já de caminhada,
muitos, irmãos mesmo, como o velho irmão de alma, aí nem se pode falar em datas,
já vai pra mais de dez anos, choppinho... Almoçar, o convite era esse... Mais
um choppinho... E o tempo passa, com boa companhia e boa conversa ele voa...
saideira? Com todo prazer! Desce o último!
Embarque
pra Pernambuco. Falha na pressurização. Sei lá do que se trata, mas o bom é que
o comandante descobriu antes de decolar! Alguns mais assustados, eu, de “pilequinho”,
achando tudo muito divertido, depois de horas, construí uma caixinha que não
aprendi em 3 anos, e voamos no mesmo avião – ele foi consertado com a
gente lá a bordo e voou... Chegamos em segurança na linda Recife capital
de Pernambuco, a pousada que nos hospedou mandou uma “caminhonetona” linda nos
buscar no aeroporto, e quando chegamos na pousada os olhos brilharam, linda,
linda!!! Com uma iluminação toda especial, assim como a bela decoração...
Rápido, rápido! Tem só duas horinhas para conhecer Olinda... Vixi, feira da Boa
Viagem, comer, comprar, descobrir ônibus, ir, voltar... E descobrimos que o
calor de recife exala no seu povo, que é atencioso, te olha no olho, esbarra,
para, pede desculpa e tem prazer em ajudar... Chegar a Olinda foi fácil e
mágico... Bela... Encontramos nosso primeiro anjo, ah os velhos, olha eles aí
de novo, feliz de quem os sabe manter, um brinde aos velhos amigos... Esta já
inteirada da cidade conseguiu nos apresentar a bela em duas horas e pudemos
sair de lá com gostinho de quero mais, mas satisfeitos pelo pouco tempo bem
aproveitado... O mar, o mar, o mar... Teve que ficar para amanhã mesmo, Olinda
tem um defeito, o mar poluído. Puro prazer o primeiro dia, promete uma
bela viagem, vou mimi pra acordar cedo e saudar o mar, o mar, o mar... Saudades
de um par de olhos azuis... “... seus olhos azuis como à tarde, na tarde de um
domingo azul...” Na verdade são verdes, mas precisava da música do Alceu pra
fechar meu diário, e a cor é meio indefinida mesmo... Até!
22/02/2013
Aaaah
o mar... Me empurra minha mãe, e me carrega em teus braços!!! Salve Iemanjá!!!
Foi só a manhã mesmo, mas valeu o dia, valeu a vida!!!
Comida
de rodoviária gostosa, é, parece que estou noutro mundo mesmo!!!
Horas
de viagem, caminho do sertão, pequenos novos amigos, lindo Pedro me lembrou de
meu par de olhos azuis, azuis como à tarde de um domingo azul, até no charme
galanteador, rsrsr!!!
E
a seca começa a se mostrar cada vez mais, bois mortos, vegetação de pouco
verde... Nosso segundo anjo, o motorista do ônibus, nos deixou de frente ao
hotel do posto que nos hospedará. Manari, a primeira vista surpreende com seu
charme, linda praça que vai receber “O caboclo Zé Vigia”, bela construção de
casinhas antigas nas redondezas da Igreja, já avistamos nossos cartazes por
todos os lados. Ui, friozinho na barriga, medo de decepcionar no sotaque...
Vamos dormir por que o forró rancheiro que prometia não passou de uma musica
eletrônica, difícil de definir...
23/02/2013
Tempo
livre, hora de aproveitar... Suco de cajá no café, ai, deu saudades de casa, no
norte de Minas tem dessas frutas do sertão, aperto no peito, não consegui mais
notícias do Pooh...
E
vamos pra feira de Itaíba, é logo ali do lado, bem ali de mineiro... Animados,
então vamos pegar carona, e o anjo reaparece e lamenta por não poder nos levar,
não pode parar no trevo de Itaíba, o ônibus da progresso tem câmera... E o 1°
carro para e leva, e o 2° para e ainda chega primeiro e oferece a volta, tudo
certo... Estamos mesmo protegidos, chegamos, resolvemos o problema das pétalas,
a tempo de almoçar ir para oficina, e ainda conhecer o espaço e o nosso grande
anjo, sem ele não teríamos chegado tão tranquilos, grande Paulo Celso, nos
recebeu com Umbu, caju e muita alegria!!! Aaaaah, a oficina M a R a Vi l H O s
A, aproximadamente quarenta pessoas lindas, dispostas, orgulhosas de suas
origens e de sua cultura, conscientes de suas realidades... Dilíça de sopa que
é servida na ONG todo sábado pra criançada, me esbaldei... Ah, são tantos
suspiros, o cortejo promete ser lindo de viver, a oficina lavou minha alma,
recarregou minhas pilhas pra ter força vital pelo resto do na. Cansada e
mangangada, é, esqueci de contar que fui picada por um mangangá, uma espécie de
abelha que detonou meu braço. Dizem que dá até febre, tô até bem... num quis
tomar nem anti alérgico, nem remédio pra dor, pra não ficar brochada... Mas a
cervejinha aaah, e olha que tive até Cia, e ainda descobrimos um churrasquinho
super delícia, achamos um gato na coleira, e váaaarios personagens, até a Frida
do sertão... Por falta de comunicação meus olhos estão tristes lá em BH e me
entristecendo do lado de cá... Como será que tá o Pooh??? Baterias de celulares
nunca deveriam acabar em certas horas e momentos... Lei de Murphy!
24/02/2013
Café...
Suco de cajá é a sensação da Tirana... Fomos para o umbuzeiro, um sítio da
família do Paulo Celso... Pior que, a vista do sertão é linda, então vira
melhor que... Plantações de melancia, e um pé de Umbu carregado, aaah subi!
chupa melancia, chupa umbu... “Como é que pode umbu ser tão gostoso!” A Márcia
ia delirar... Como será que tá o Pooh?! Aaaaah, os pequenos que cruzam nossos
caminhos, a bela Gegê, esperta... Inspira, dá vontade de pedir pra Deus mandar
a minha amanhã... Como será que estão meus olhos tristes?!
Banho
de ducha com roupa e tudo, mais brincadeiras, e virou família, almoço
carinhosamente e deliciosamente, servido em baixo do pé de umbu... Ai, se
aproxima a hora da apresentação, voltar para o dormitório, organizar tudo e se
preparar para o grande momento...
5
da tarde, sol rachando, ninguém sai de casa... Dois lindos companheirinhos
disputam a ansiedade com a gente, nos aguardavam na hora certa... Preparação...
Todos que participaram da oficina e estavam na praça disponíveis e sentem
como se o espetáculo fosse deles. Ai ai, o figurino surpreendeu e agradou, e
viva lampião!!! A atriz, acho que também agradou, foi o que disseram, mas de
pessoas tão especiais... O espetáculo também, esse eu sei que agrada!!! E foi
simplesmente perfeito, agora eu tenho coragem de apresentar até em inglês e com
sotaque nordestino!!!
Presentes,
o autentico forró nordestino saiu, da melhor qualidade... Despedidas, choro,
apego, humano... Realização pessoal e profissional.
Depois
da apresentação, o mangangá, mangangou de vez, dóooi que só vendo. Acho que
relaxei, deu tudo certo o que viemos cumprir, então agora posso brochá...
Agradeço a atenção, preocupação e carinho dos meus companheiros de trabalho,
cuidaram direitinho de mim... Parcialmente esclarecido, mas meus olhos azuis
ainda encontram-se um pouco embaçados lá nas Minas Gerais, e os meus apesar de
encantados e casados continuam um pouco turvos com essa situação... Foi um dos
melhores sanduíches que comi na vida esse que desenterramos depois da
apresentação... Acho que dormi, se não morri...
25/02/2013
Nosso
anjo nos guia de volta a Recife, nos ajuda a aproveitar nosso tempo livre, nos
colocando nas mãos de outro anjo, assim tivemos a oportunidade de conhecermos
mais lugares lindos da região... De volta à bela e aconchegante pousada é hora
de em 10 min desbravar a feira da Boa Viagem, compras, cansaço, diversão... Mas
depois de banho de lua cheia e banho de mar em águas cristalinas, tô pronta
para o que der e vier...
Meu
par de olhos azuis voltou a ser azuis como à tarde de um domingo azul, e digo
que aquela lua cheia e aquele mar cristalino seriam ainda mais bonitos se eles
estivessem fisicamente ao meu lado...
Dormir
para amanhã presenciar mais um espetáculo, reunir forças e voltar à
realidade...
26/02/2013
4:30
praia da Boa Viagem, nascer do sol, espetáculo de vida! Banho de mar
involuntário... Banho de vida... Feliz, feliz, feliz!!!! Café tipicamente
nordestino com tapioca e cuscuz e despedida do mar, das águas quentes do
Recife... Certa angustia latente, como será que tá o Pooh? Preocupação, será
que magoei uma das companheiras mais queridas de trabalho? Últimas compras,
guloseimas pernambucanas para ajudar a matar a saudade do nordeste nas Minas
Gerais... Chegada a Confins, sãos e salvos... Fomos e voltamos vivos e inteiros
do Recife (queria desenhar um tubarãozinho agora)... Gentileza de nossas
famílias, fomos resgatados pelo Vinícius, que com bom humor nos trouxe do
aeroporto num trânsito estressante... Nem cheguei e a nostalgia já me toma...
Difícil ainda de dizer tudo que foi esta experiência, sem dúvida uma das mais
importantes da minha vida!!! Vou digerir ainda, e fica um gostinho de quero
mais e a esperança de me encontrar de novo com aquele mar, aquela lua, aquele
sertão, aquele povo...
Pra
consolar, a alegria de olhar nos olhos, naqueles olhos que de tão verdes se
tornaram azuis como à tarde de um domingo azul, e se sentir bem vinda!!!
Pra
fechar meu diário de bordo, não podia faltar: Você se lembra da moça bonita da
praia de Boa Viagem?! Pois é, sou eu, pergunta pro Alceu!!!
Por Juliene Lellis:
Bem,
acho que essa viagem começou no dia em que saiu o resultado do prêmio. Naquele
momento já era uma correria na compra das passagens (avião e ônibus), de como
chagar lá, de pesquisa sobre de como era a cidade de Manari-PE, busca no Google
Maps, contatos na cidade, ufa! Enfim, compradas às passagens e feitos contatos
com o nosso querido Paulo Celso da ONG Oásis o tempo era de espera muito
ansiosa para o tão esperado dia 21/02/2013.
Quinta-feira
21/02/2013 Belo Horizonte- Minas Gerais aeroporto de Confins, ás 9 h todos (até
a Laurinda, nossa lona, que estava de roupa nova) prontos para o check-in muito
ansiosos para embarcar para Pernambuco. Eram 10 h da manhã e tudo pronto,
embarcamos rumo á Brasília (conexão) e ali ficamos por algumas horas aumentando
ainda mais a ansiedade, 4 h depois embarcamos para Recife-Pe e três horas e
meia estávamos desembarcando no aeroporto Guararapes, já no saguão pedíamos
sentir o calor da cidade. Esperamos o taxi, loucos para chegar ao hotel, e no
caminho ficávamos fazendo inúmeras perguntas ao motorista sobre a cidade e seus
pontos turísticos (ele deve ter pensado: Eita, mineiro é tudo confuso!).
Passamos
uma noite em Recife e pela manhã organizamos as coisas para irmos para Manari
sertão de Pernambuco. A viagem de ônibus durou cerca de 6 horas, já no ônibus
ficamos impressionados com a simpatia, a graça e a educação do povo
pernambucano. Passamos pelo agreste e enfim, chegamos ao sertão já á noite,
deixamos nossas malas e fomo conhecer a cidade, andamos pela praça que era
muito bonita e vimos nosso cartaz pregado em vários pontos da mesma... nossa
mãe, ficamos felizes demais!
No
dia seguinte encontramos com o um dos organizadores da ONG que nos acolheu com
todo o carinho e dedicação. Ah! Não posso me esquecer de dizer que quando
chegamos à ONG tinha simplesmente uma bacia gigante cheia de Umbu, Seriguela e
Caju só para a Tirana, gente ficamos que nem pinto no lixo! rs. Mais tarde
demos oficina, que foi uma experiência extraordinária para todos nós Tiranos,
ficávamos maravilhados com a riqueza de cultura daquele povo, com a alegria
deles poderem nos mostrar o que eles sabem fazer...sem explicação!
No
dia seguinte, fomos gentilmente convidados a irmos conhecer o pé de umbuzeiro,
que é lindo, e estava carregadinho, e mais uma vez nos esbaldamos. Fomos para o
hotel a fim de organizamos a apresentação. Às 17h, horário marcado para inicio
do espetáculo, o sol estava rachando o coco e tivemos a notícia de que o povo
só sai de casa depois que o sol baixa, então, esperamos a gentileza de nosso
astro rei para começarmos o espetáculo
Acho
que esse foi o momento mais “vivo” da minha vida. Os meninos da oficina estavam
lá e compuseram o nosso cortejo. Rezamos e agradecemos por toda aquele
momento... a hora chegou, organizamos o cortejo e seguimos andando pela praça,
eram tão forte aqueles vozes juntas em coro e tinha uma energia tão viva que
ficou impossível segurar as lágrimas... eu entendi ali, naquele momento o
sentido der atriz! A apresentação começou e a fizemos com toda e vida que há em
nós e foi tudo lindo! No fim, fomos presenteados com o autentico forró
nordestino. Antes de irmos embora para o hotel, ficamos emocionados com o
carinho das crianças que quase não deixaram a Dani ir embora... coisa mais
linda!
“Embarca
morena embarca, molha o pé, mas não molha as meia / Viemos
de outras terras fazer barulho em terra alheia”....
Essa terra alheia me surpreendeu... mais do que só
dar uma oficina, foi troca de experiências de vida! Mais do que apresentar o
espetáculo foi o sentido de descobrir o sentido do meu oficio!
Eu
até hoje estou assim pasma, pois um povo que não vê a chuva a mais de dois
anos, e isso fez chover no coração!